Embora sem vítimas, desabamento no Anexo Fiscal de Carapicuíba comprova que situação em vários prédios do TJSP é precária como há muito denunciamos. Publicamos aqui neste espaço um texto do colega Clóvis a respeito. O texto a seguir e as fotos foram protocolados junto à Comissão do CNJ que realiza neste mês uma inspeção no TJ.
Como se não bastasse a apreensão diária causada pelo medo de desabamento, há ainda o desconforto térmico e infestações por ratos, baratas, pombos e outras pragas urbanas que tornam o trabalho desumano nesse local, o qual claramente não foi construído para ocupação humana, mas sim para armazenamento de materiais (de natureza leve, diga-se). O desconforto térmico extremo no Cartório do Juizado Especial Cível e Criminal, localizado logo acima do Anexo Fiscal, fica por conta das famigeradas telhas de cimento-amianto, as quais têm o uso proibido em diversos Estados e Municípios brasileiros, inclusive São Paulo, do forro de gesso com pé-direito baixo e da falta de ventilação, fatores que, somados, garantem ao Cartório do Juizado temperaturas de até 38º no verão – isso mesmo, você não leu errado, são trinta e oito graus – e um frio insuportável no inverno. Em qualquer empresa privada onde trabalhadores sejam submetidos a temperaturas maiores que 32,2º, limite máximo sem a adoção de medidas adequadas, segundo a Portaria 3.214/78 - NR-15 – Anexo n° 3, a justiça costuma obrigar estas empresas a tomarem providências, mas o próprio Tribunal ignora a norma, consagrando provérbios famosos, como “faz o que eu mando e não faz o que eu faço” ou “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. A Constituição Federal garante em seu Art. 5º, III, que ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante, mas parece que os administradores do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo ainda não leram este capítulo da Carta Magna. É sabido que uma temperatura corporal acima de 37º indica febre. No entanto, a cúpula do Tribunal, do alto de sua sala confortável, segura e com ar condicionado, submete os funcionários a temperaturas de até 38º, mantendo os servidores em estado febril constante durante o verão e com calafrios no inverno, seja de frio ou de medo.