quarta-feira, 7 de agosto de 2013

TRIBUNAL DE JUSTIÇA: INFORMÁTICA EM COLAPSO, MAIS CAOS NOS CARTÓRIOS!

Nos últimos dias (31/7 a 5/8) o SAJ esteve em colapso. Nos cartórios foi impossível trabalhar, comprometendo o serviço e o atendimento. No João Mendes, ofícios de liminares de processos digitais chegaram a ser feitos fora do sistema (no “word”) e entregues aos advogados no papel. Sem falar, na dificuldade de quem estava só no período das 18 às 19h por conta da jornada fixa imposta pelo TJ.

Em condições normais o sistema é lento, e torna a rotina e a vida do trabalhador do TJSP, advogados e usuários um tormento.

Contrariando todos os avanços e esperanças alardeados pelo TJ e, coincidentemente, na matéria publicada na Veja São Paulo na última semana (http://vejasp.abril.com.br/materia/a-era-digital-chega-aos-tribunais), o SAJ vai mal.

Questionado sobre a lentidão do sistema em visita ao Fórum João Mendes (2012), Sartori afirmou que o problema está na rede de internet (Vivo/Telefônica) e que não há outra empresa que possa substituí-la.

Contudo, a resposta não se mostra convincente, já que todos os bancos e suas redes de agências, por exemplo, utilizam o mesmo serviço, tem demanda maior e raramente sofrem com lentidão e colapsos.

Distante da propaganda das mídias interna e externa do tribunal, a realidade do sistema SAJ e dos cartórios é de entristecer até os mais otimistas.

E não venham dizer que os funcionários só sabem criticar. Fomos nós que sempre nos desdobramos para driblar as deficiências dos sistemas (SAJ PG3 e outras versões, PRODESP, SAJ PG5 e outros). Improvisamos e nos esforçamos para que a coisa não desandasse de vez.


SOFTPLAN E O SAJ PG5
A Softplan, desenvolvedora do SAJ, desfruta de uma espécie do monopólio nas Justiças Estaduais. Além disso, os técnicos de informática do TJSP não têm acesso ao programa para solucionar problemas, aprimorá-lo ou adequá-lo às necessidades específicas de cada área (cível, criminal, família...).

Toda e qualquer alteração, tem que passar pela Softplan o que mantém o tribunal numa posição equivalente à de refém. O contrato com o TJ é milionário.

Segundo escreventes o programa é inadequado e apresenta uma série de falhas (os chamados “bugs”); principalmente nos cartórios híbridos (que tem processos físicos e digitais) caso do Fórum João Mendes, por exemplo.

A impressão que se tem é de que o programa foi desenvolvido a partir de uma plataforma restrita, e com base em orientações e tabelas do CNJ que alteraram procedimentos que eram habituais.

Supõe-se também que foi idealizado por técnicos, sem consulta ou acompanhamento de quem tivesse noção sobre rotinas cartorárias, processos, andamentos processuais e seus desdobramentos.

Um exemplo: com a implantação do SAJ PG5, todos os incidentes processuais antigos (prodesp) tiveram a numeração automaticamente alterada na migração entre sistemas. Isso tornou praticamente impossível a tarefa de encontrá-los, identificá-los e alterar as respectivas etiquetas. O problema atinge principalmente processos falimentares, insolvências e outros com grande número de incidentes processuais (centenas ou milhares).

Parte da discussão está colocada e pensamos que é necessário ampliá-la. Cabe a nós trabalhadores do TJ, aprofundar o debate e pressionar o TJ em busca de soluções para a lentidão e os problemas do sistema.
                                    .  .   .
Cursos relâmpago e superficiais, palestras sobre autoestima e estimulação da colaboração cega com o patrão, não melhoram nossas vidas nem a realidade das nossas condições de trabalho.



2 comentários:

  1. "A impressão que se tem é de que o programa foi desenvolvido a partir de uma plataforma restrita, e com base em orientações e tabelas do CNJ que alteraram procedimentos que eram habituais."

    Então o articulista propõe que se mantivessem indefinidamente as regras do TJSP?

    Não percebeu nenhuma vantagem no CNJ ter padronizado as tabelas processuais no Brasil?

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  2. Caro(a) anônimo(a). Agradecemos pela sua participação!
    O objetivo do texto é denunciar o que efetivamente está acontecendo e promover o debate, tanto do ponto de vista do funcionamento do sistema – que afeta diretamente nossas condições de trabalho – quanto das questões políticas envolvidas.
    Obviamente, o TJSP não precisa de ajuda alguma para manter ou alterar regras. A presidência e a cúpula simplesmente as determinam, sem consulta e sem possibilidade de discussão. Não é verdade?
    Os procedimentos habituais a que o texto se refere, são procedimentos previstos na legislação vigente, impossíveis de serem cadastrados no sistema; ou por não constarem da tabela, o porque o próprio sistema não permite o cadastro ou alteração.

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